quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Instável.

Eu consigo me superar eu sei. Provei a mim mesma como é possível fazer o maior número de planos em um mês e abandoná-los na mesma velocidade.

São mais de duas décadas e o mundo inteiro já mudou. Tudo muda, menos eu. Em 20 anos, raciocínios foram modificados, territórios foram demarcados, guerras aconteceram, curas foram encontradas, sacrifícios humanos foram feitos e eu continuo a mesma.

Odiando e amando as mesmas coisas. Refutando e subestimando os mesmos atos corriqueiros da minha feminilidade. Negando os mesmos desejos. Sendo escrava do mesmo instinto.

No princípio eu era um caso sem solução, hoje sou uma garota sem jeito. Não tem jeito. O vento sopra para outra direção.

Continuo aperfeiçoando o meu dom infame de puxar assunto com estranhos. Continuo mantendo a tática deplorável de fingir que não estou vendo. Continuo andando como se estivesse participando da abertura de um seriado americano, com uma música badalada de fundo. Eu não tenho mais 15 anos.

Não me interprete mal, só estou tentando ser clara, mas ser prolixa é um dos defeitos mais persistentes da minha personalidade.

O fato é que meu ambiente psicológico anda aflorado por dardos vindos de uma direção contrária que me atrai facilmente.

De repente tudo o que quero é arrumar as malas, ou nem levar malas, e sumir por um instante do campo de visão familiar que se tornou essa cidade.

Meus defeitos não combinam com esse lugar. Eu quero sair. falar palavrão. Deixar o pecado escorrer pelos cantos da boca.

Não quero tranquilidade. Não quero mãos dadas, não quero companhia, não quero coração, não quero alma. Eu só quero o corpo e o fluxo coerente. Eu quero o que me cabe. Eu quero o que cabe em mim. Mesmo que isso esteja há milhas e milhas de qualquer lugar.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Peripércicamente...

Quando eu falo de inferno pessoal estou me referindo aos demônios que temos presos dentro de nós, eu falo dos espinhos na carne que carregamos, eu falo das nossas falhas, falo das fraquezas, falo das dores, dos amores, das incertezas, falo do caos interior que só eu e você conhecemos bem.

Nunca neguei ser um paradoxo. Nunca neguei viver na contradição. Portanto, nos dias em que meu sorriso estiver mais largo, saiba que esses serão também os dias em que a alma estará mais pequena.

Quantos sorrisos por aí, não escondem a face mais triste. Máscaras otimistas vagam pelo universo. E eu, sempre tão distraída, me torno mais uma.

O rosto que vejo no espelho todas a manhãs me parece familiar. Nas madrugadas pode chegar a ser irreconhecível. Com todos os truques, com todas as jogatinas, com todos os artifícios usados para esconder-se, quem pode duvidar que a face que se vê é na realidade a tela de proteção do rosto inseguro.

Ninguém precisa saber o que se passa aí dentro. O inferno é seu e só você pode confrontar-se a si mesmo, por que se conhece.

Alguns tentam melhorar um dia ruim escrevendo versos em pedaço de jornal velho. Outros escutam a mesma música freneticamente uma dezena de vezes. Outros choram, outros bebem, outros cantam, outros apenas trabalham. Mas eu, bem, eu. Eu espero o sol nascer de novo. Não há dia ruim que uma aurora não cure.

Alguns dias são mais quentes que os outros. dentro ou fora de você.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Troca

Pode parecer piegas, mas fazemos o que temos que fazer, para poder fazer aquilo que queremos fazer. A vida não nos dá nada de graça. Tudo é uma troca justa.

Tudo é uma troca justa. Uma recíproca. O universo é um bom senhor que nos dá apenas aquilo que merecemos. Embora esse senhor tenha um rosto misterioso e desconhecido, sabemos no fundo, que ele é possuidor das pedras que lutamos para ter em nossas coroas.

A grande piada do destino é o livre arbítrio. A grande piada da ilusão é consciência. A grande piada do amor é a rejeição. A grande e maior piada da vida é a morte.

Caminhamos sem parar afirmando nossas forças, nossas ideias. Flutuamos nas entrelinhas do passado tentando fazer do futuro a nossa conquista. Mas o que está em nossas mãos além do leme maior? O que faz da nossa aventura terrena um conjunto perfeito de boas escolhas? O que faz das nossas decisões, a receita perfeita do bolo? O que rege a alma e acalenta o corpo?

Nos enganamos ao pensar que tudo está sob o nosso controle. O mundo, sem mecânica alguma gira sem parar. O sol, sem mecanismos humanos, nasce e se põe todos os dias.

Me pergunto de onde vem então, a significativa arrogância do ser humano de achar que o mundo depende dele, e somente dele para acontecer.

Nem os amores e as coisas não palpáveis dependem de nós... Em nossas mãos estão apenas as ferramentas necessárias para conquistar os frutos que merecemos colher.

Eu quero trocar apenas o que me cabe. Receber da vida o que eu daria a um amigo. O que está bem aqui nas minhas mãos...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Contra dição. Contra dizer.

Eu nunca cultivei a tristeza, mas é impossível ser imune. A vida é uma mistura heterogênea de tristeza e felicidade. Somos as vítimas constantes desse paradoxo. Somo prisioneiros da boa vontade das forças do universo, de conspirarem contra, ou a favor de nós.

Nós, perdidos no centro do mundo tentando nos encontrar. Tentando crer que o destino não existe e o acaso é um plano subliminar. Existem dias ensolarados em que se pensa em chuva. Existem dias chuvosos que reservam um sol milagroso. No fim, nunca estamos satisfeitos.

Tudo gira em torno da ideia de que sozinhos não estamos, mas sim separados e incrivelmente ao mesmo tempo interligados por uma ponte espiritual.

Eu tento não acreditar em destino. Eu tento desprezar os acasos da vida. As vezes tento aceitar as coisas como são. Geralmente eu acabo me convencendo de que o que tem que ser, será. Vício frenético. Alguém me programou com uma dose forte de ceticismo e outra maior ainda de indecisão.

E eu vou levando a vida sempre caindo nas minhas contradições, por que afinal, o que me define é não saber de onde vem o universo.

Diz o autor norueguês que aquele que quer entender o destino tem que sobreviver a ele. Eu pretendo descobrir o que está reservado para os meus dias no calendário divino ou em qualquer outro que seja.

Eu nunca deixei de acreditar. Só me viciei em me enganar um pouco. Só me viciei em fingir que não lembro.

E somos vítimas da mentira que contamos a nós mesmos, e ainda assim, existe uma ponta de bondade destina a nós.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Forever Young

Quando eu penso em estradas sinuosas eu lembro de uma canção que diz: "todas as estradas que conduzem até você eram sinuosas". Ainda estou tentando achar um significado para o "você" na minha analogia. Essa em especial é antiga e provoca flash's de um passado não muito distante da minha vida, tipo, ontem.

Outras músicas me trazem lembranças da infância, que foi sem dúvida, a que toda criança deveria ter. Meu pai tinha um ótimo gosto musical, e eu lembro de mim aos três anos cantando Forever Young do Alphaville, em cima da mesa da cozinha.

Apesar de 20 anos terem se passado, eu ainda me vejo daquele jeito. De certa forma, eu era bem mais interessante quando me importava apenas com o que meus pais achariam da minha apresentação de talento doméstica. Eu sabia que por mais errada que fosse a minha pronúncia da letra, eu seria aplaudida e mimada no final.

O público é outro. O século mudou, e eu me sinto completamente nua no meio de uma multidão anarquista. De repente as minhas ações já não agradam aos grandes mestres, e isso me frustra, principalmente pelo fato de que eu pareço gostar daquilo que me tornei.

A pressão dos kilogramas. Cílios postiços. Cabelos tingidos. Salto alto. Vestido colado. Blush. Batom. Curvex. Perfume francês. Langerrie. Amor. Ódio. Desapego. Frieza. Noites em claro. Whisky. Eu me pergunto onde está a mesa da cozinha de 20 anos atrás. Onde está aquela menina?

Um dia você cresce e vê seu coração batendo forte por meninos. Um dia você acorda e vê seu corpo em erupção. Um dia você dorme uma menina e acorda uma mulher. Um dia você descobre o que é a vaidade e o que poderá ser capaz de fazer para satisfaze-la.

Um dia, você percebe que o olhar carinhoso dos seus pais já não é o bastante. Você quer o olhar do mundo. Então passa a sair pelas madrugadas a procura de alguém que te faça sentir desejada.

E então percebe que todas as estradas do desejo são sinuosas, e que o mundo é viciado em usar, viciado em prazer, viciado em ter por um momento e abandonar por uma eternidade.

Então, quando toca aquela canção, tudo o que você quer é voltar a ser criança só para poder voltar a sentir o aroma do amor sincero. Aquele que é de verdade e eterno.

Quando o último acorde soa, a menina cresceu e se viu novamente acostumada ao desapego. Foi só um flash. A roleta viciada agora gira na jogatina na mesma direção.

E então ela segue para mais uma madrugada em claro. Ela é mulher.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Dona significância...

Tem dias que eu não consigo ouvir bem a voz da minha consciência. Não pelo fato de ela falar baixo demais, pelo contrário, as vezes acho ela firme e imponente, mas não o bastante para me fazer parar pasma para escutá-la.

Eu sinto as vezes que grito sem parar tentando dizer coisas que poucos irão entender. Na maioria das vezes, 9 em cada 10 desistem, logo no início, do meu jogo de xaradas e e frases entrelinhadas.

Eu me dou conta diariamente que o mundo não está pronto para metáforas. O universo parece preferir as coisas escrachadas sem um pingo de romantismo e enfeites. Não que eu não seja fã da simplicidade, longe disso, eu apenas acredito que a realidade monótona vista pelos olhos, pode ser descrita pelos lábios e pelas palavras através de versos. O mundo já é um grande poço de tédio profundo demais para eu querer simplificar ainda mais a minha capacidade de usar as palavras e o seu universo de significados, sinônimos e plurais.

A relatividade nunca me atraiu muito. Sempre preferi o contrário das coisas. Sempre amei o paradoxo. Portanto, se minha alma não grita e eu não escuto bem, não vejo problema algum e permanecer em silêncio. Ela dentro e eu fora.

A ideia central do que se escreve é sempre persuadida por outros sentimentos escondidos na alma. Eu ia falar de tristeza, mas lembrei da grandeza do universo e de todas as coisas que nele habitam.

Eu ia falar de arrependimento. De como é difícil não ter um bom relacionamento com sua consciência, que é na teoria, o seu guia, a "dona significância".

Eu ia falar de erros e de como é complicado assumi-los. Eu ia falar de silêncio, e tentar silenciar. Mas não consigo. Consigo agora?