quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ame não



Começo a pensar na controvérsia das palavras e em mim mesma, que sou a contradição usando batom vermelho nos lábios.

Ao som de um Blues apaixonado de Etta James, escrevo linhas torpes sobre o que talvez possa pensar sobre o amor. 

É algo tão sinistro, em uma escala que vai das sombras à escuridão. Não sei o que dizer. Minha língua só conhece o que é paixão. E mal acostumada, não quer saber de nada mais profundo e complicado de se compreender. 

Porque, não entregar seu coração e não se importar é um problema a menos no universo. Universo por sinal, em constante caos interior. Dias maus, dias bons, beijos ruins, beijos bons. Amores, desamores. 

Prefiro ir do que ficar. Prefiro o amargo que o doce. E nessa estrada sinuosa não procuro a pureza, nem tampouco a verdade escondida. Quero o que está a mostra, o obvio, o sínico, nada de arrodeio, mistérios, desconversas. 

E não tenho medo de envelhecer. Assim como o vinho, não penso em piorar. Não pretendo estragar.

E comemorar nos botecos da vida, a liberdade, a tal da liberdade. Perder noites, viver nas madrugadas, livre, só. Acompanhada de doses rasas de amor próprio personificadas em um copo de Whisky qualquer. Mentindo, sorrindo, com aquele cigarro de filtro pendendo no canto da boca, que é livre, que é feliz e que não precisa se prender a nada.

Como dizia Janis Joplin, a liberdade é só outro nome para não ter nada a perder. E estava certa, a little blue girl, sabia bem como falar de amor e tristeza.

Enquanto isso eu me engano. Espero que entendam, que minha liberdade, como diz Led Zeppelin, eu guardo com apreço. Mas no fundo, queria dividi-la.

Goles leves, mas constantes. Nada de amor, nem de mãos dadas, nada de beijos longos, nada de cartas de amor, nada de sentimentos, nada de companheirismo. Só. Sozinha e em dupla, sim, eventualmente. Apenas.

Que pena, isso tudo é uma mentira. Pense que quando digo que o salgado, na verdade eu quero o doce. Bem, o mundo conhece essa linguagem. A linguagem controversa, a linguagem da contradição.

Não preciso explicar, que bom. 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Ideias à deriva


Junte todos os seus planos, passos, sonhos, desilusões e acomode em um saco. Peque suas falhas, seus erros e jogue em uma gaveta.

O saco, carregue nas costas, és totalmente responsável pelo que desejas. Leve o teu mundo nas costas sem expectativas. É quase certo que mil chances sejam perdidas, mas perdemos muito mais que isso sem saber.

Pegue o que vier pela frente, a chance que for. Faça o amor que puder. Destrua a razão quantas vezes for possível. Viva esse agora, e isso não é um clichê, eu mesma vi que é possível. 

Deixe essa melodia tocar, dance conforme o compasso. Não deixe nada para atrás. 

E quanto as frustrações, é como tudo na vida. No começo é difícil aceitar, mas depois a alma aprende que não há mal que dure eternamente e nem dor que dure para sempre. A gente tem o dom de se refazer.

Enquanto vou tecendo essas linhas, eu mesma tento ensinar para mim que o mundo dá voltas, e que a história de raios que nunca caem sempre no mesmo lugar, podem apenas ser relativas.

O mundo não segue uma regra. Não há caminhos prontos. Nesse grande contexto da eterna segunda-feira, a gente aprende com as experiências.

São os goles que se bebe da vida que te ensinam como vivê-la melhor. Não é a quantidade de anos que se vive, e sim a intensidade com que se entorna a bebida púrpura inebriante e viciante que é a vida.

Aqui, você vira contador de histórias de náufragos sem nunca ter sentido o gosto salgado do mar. Isso é comum, mas nem todo mundo sobrevive. É por isso que reitero a frase, a vida não segue uma regra. Para essa perigosa doença não há remédio prescrito. 

Cada qual encontra a sua cura, feito peregrinos em busca de algo no horizonte. A gente vai tatuando a alma com as experiências. Sangra e dói, mas é doce e viciante.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sem título

Um dia você se descobre dançando conforme a música do universo. Um dia, você se olha no espelho e se vê a vítima perfeita da contradição. Você, um grande paradoxo do universo, sempre negando seus instintos, podando seus sentimentos e negando chances. Querendo no fundo, um par de oportunidades para sentir.

Quem é a figura no espelho. A alma tem correntes?

Universos ambulantes, falando sempre o contrário do que sentem, acumulando remorsos, escondendo qualquer resquício que deixe transparecer sua fragilidade, diante do inacreditável e piegas sonho comum de felicidade.

O mundo é um só, ele rodeia camas diferentes, mas no seu âmago queria um leito quente e único, onde nenhum outro corpo estranho pudesse chegar.

O grande protagonista da peça que encena a frieza. E dane-se o sentimentalismo e qualquer ruído de palpitação. O que se quer é emoção, suor e corpos entrelaçados fisicamente mas desligados totalmente das coisas abstratas, não palpáveis e intocáveis feito as coisas do coração.

É só fluxo, fluído, massa, corpo, calor, ardor, leveza e nada mais. Fácil falar, e isso, o mundo tem demonstrado bem. É fácil tornar a alma cativa da boca, que fala sem parar a contradição absoluta, e torna o abismo entro o que a boca diz e o que se quer na realidade.













segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Inside

Você viaja para longe, na intenção falha de esquecer quem és de fato. Tu atravessas um território imenso, e engole quilômetros de distância do que tu realmente és.

A gente esquece, que não importa quantas doses sejam entornadas, no outro dia os teus dilemas estarão na tua porta na hora marcada. Então, sóbrio e desolado irás rir da tua desgraça.

É bem pior saber o que deve ser feito e não fazer. Eu sei que sozinha eu sou bem melhor. Minha personalidade infame ajuda muito nessa questão. Mas o medo de sentir remorso um dia pesa bem mais que mil toneladas de chumbo.

Eu abri a porta do desespero quando decidi voltar ao ponto inicial da vida em família. Os mesmos problemas tendem a ficar no mesmo lugar, como crianças mau educadas que não levantam para ceder espaço aos mais velhos.

Tu olha esse ano que mal se iniciou, e já tens vontade de agir como Judas e fugir covardemente da tua culpa.

Nas listas de cabeceira eu tenho mil planos incompletos de vida. Já dizia Murphy, o que tem que dar errado, vai dar e da pior maneira possível. Que homem sensato.

Você não é a única pessoa no mundo, que levanta pela manhã decidida a ter um dia bom.

De repente, a marcha suprema da vida não pode seguir por causa do nevoeiro turvo que se apoderou do horizonte.

Acho isso aqui perda de tempo. Esse turbilhão que me invadiu hoje não pode ser domado com palavras. Chorar talvez funcione. Vamos tentar.