quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Pedaços



Eu não tenho apenas uma alma gêmea, eu tenho várias. Partes desfragmentadas de mim e espalhadas por aí. Vez ou outra eu me deparo com uma. Nos olhamos, e nos compreendemos sem que uma só palavra seja dita.

Vez ou outra eu me deparo com alguém que me compreende tão bem que parece ser eu mesma.

E o que parece é que sou como um quebra cabeça incompleto. A parte de um todo que só se consolida com a outra parte existente em outro alguém.


Outro amigo, outro amor.




*Ilustração por Andrelle Bedê

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A canção do vício



Quem é que vai dizer a verdade quando essa música acabar? Eu podia transformar todas as minhas lagrimas em canção. Ninguém iria negar.

Ninguém negaria, ninguém iria admitir, que o tempo passa através de mim e leva milhares de pedaços invisíveis.

É a vocação espetacular de ignorar o fim inevitável de todos os dias. 

Caem como sombra fina, e florescem ao amanhecer. Um dia a mais e um dia a menos parecem coisas tão similares.

Os olhos que se abrem para o que está distante o bastante para não existir. É o vício que a alma acalenta. O vício eterno pelo impossível. O vício de querer viver eternamente na memória, na alma, como um sopro, como uma mancha, como uma cicatriz. 

É essa estrada desconhecida da vida, é esse veneno que também é o remédio.

É a mesma dor que te desmonta que junta teus cacos.


É a impavidez do amor, que eu e você nascemos para ter.


(Ilustração de Andrelle Bedê)

terça-feira, 11 de junho de 2013

All my mistakes

Eu li em algum lugar que a vida é um conjunto de decepções. E diria que ela é um conjunto de decepções causadas por outros e por nós mesmos.
Somos o nosso maior carrasco.
Carregamos nas costas o peso de todos os nossos erros, de todas as nossas escolhas erradas.
Pagamos o preço da nossa negligência. Sentimos o dissabor dos amores que deixamos partir.
Provamos o gosto amargo das tentativas que não fizemos. A gente acorda e já temos uma lista inteira de coisas na vida para consertar, inclusive nós mesmos.
A gente leva uma vida inteira para se adequar à rotina intrigante da vida e ao ciclo vicioso do amor.
E ainda que estejamos prestes a naufragar, a gente tem o poder de se reinventar.

Leva um tempo para descobrir onde dói, mas a gente tem o dom de se refazer. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Lie

Volta e meia repensamos as palavras ditas, desmentidas por atos. Tudo o que nunca te convenceu realmente, se mostrou mentira e sua intuição não sabe se vibra de alegria ou some no meio das lágrimas. 

Depois da queda, remoemos as mentiras que levam um tempo até não causar mais dor. 

O problema é que nos apegamos facilmente ao significado das palavras. Palavras traiçoeiras vindas de certas bocas, proferidas em momentos oportunos de vulnerabilidade. 

Dizem o que você deseja ouvir, e você torce para que no universo possível tudo o que foi dito seja verdade. 

É pura vaidade. E o pior castigo é ver as palavras se quebrando pelos espaços, soltas e destruídas pelas atitudes.

A mentira que você pega para si, amamenta, cuida e protege. Superestima e deseja com todas as forças que não mostre o que realmente é. 

Corremos atrás de mentiras mal contadas, a mentira mais doce. No fundo, idealizamos verdades. 

E o tempo cruel vem te mostrar o quanto você estava errado em acreditar cegamente. O quanto você estava errado em não se proteger com a dúvida. 

Seu coração bobo está quebrado, prontinho para outra. Essa é a sua vida. Esse é o seu clube. "Algo novo está por vir" você pensa enquanto deseja uma morte lenta para o teu ex amor.

Você ouve canções tristes para te ajudar a esvaziar a dor. Não a dor de se decepcionar novamente com alguém, mas de se decepcionar novamente consigo mesmo. Veja só você, aqui de novo.

Só te resta chorar pelas mentiras contadas e descobertas. Aquele eu te amo era apenas uma falta de escolha para o momento, mas você amou ouvir. Ecoou por toda a sua alma, mas você sabia, era uma nova história de mentira, "mas porque não" você pensou e eu não te julgo coração. Não te julgo.

A gente vai vivendo de mentira em mentira. De decepção em decepção. De descoberta em descoberta. Um dia a gente aprende.

Não te preocupes, existe no universo um lugar especial para corações partidos. Eu só preciso descobrir onde fica.



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

I've made ​​a big mistake


Se você tiver a chance de lamentar seus erros não perca a oportunidade. É verdade que iremos provar o gosto amargo das escolhas erradas. Por mais que vivamos um ciclo vicioso de falhas, nosso paladar nunca vai se acostumar com a sensação de ter perdido o controle, de ter deixado as coisas passarem do limite, de ter jogado fora chances extraordinárias de ser uma pessoa melhor, de poder recomeçar.

O tempo que durar o efeito desse turbilhão de sensações derrotistas, pode ser uma saída cavada pelas circunstâncias, para uma reflexão sobre você e sua incrível capacidade de errar. 

Estou falando de mim e do meu talento especial para cometer erros. Eu fui longe demais, mais uma vez. Bebi muito rápido do líquido que eu desconhecia. Sequei a taça, arruinei as expectativas.

E querer que o tempo volte parece tão mesquinho. Desejar o que milhares de errantes já desejaram em vão. O tempo não volta. Você só consegue ver um caminho à sua frente, cheio de portas erradas esperando para serem abertas. 

Um talento especial para cometer erros e desejar voltar atrás, porque a sensação é mesmo terrível.

Um tipo cansativo de ser, e você tem plena consciência disso. Sim, você melhor do que ninguém sabe bem onde estão seus defeitos. Você sabe onde estão os calos.

Se paramos para pensar um minuto, e nos perguntarmos porque as coisas parecem não acontecer na vida de pessoas reais como eu e você, ficamos sem resposta.

Roemos todas as unhas, perdemos cabelos, remoemos sentimentos, guardamos culpa, nos importamos demais. Não precisamos de ninguém para nos fazer sofrer. Desempenhamos muito bem esse papel.

Somos o nosso melhor carrasco. Todo mundo sabe que não é segredo, isso não para. É como parte de nossa existência. 

Errar eternamente. Quando vamos aprender a lidar com isso, é a questão.

Ps: esse post é apenas um escape para a alma dizer o que sente. Não precisa fazer sentido algum.