quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A canção do vício



Quem é que vai dizer a verdade quando essa música acabar? Eu podia transformar todas as minhas lagrimas em canção. Ninguém iria negar.

Ninguém negaria, ninguém iria admitir, que o tempo passa através de mim e leva milhares de pedaços invisíveis.

É a vocação espetacular de ignorar o fim inevitável de todos os dias. 

Caem como sombra fina, e florescem ao amanhecer. Um dia a mais e um dia a menos parecem coisas tão similares.

Os olhos que se abrem para o que está distante o bastante para não existir. É o vício que a alma acalenta. O vício eterno pelo impossível. O vício de querer viver eternamente na memória, na alma, como um sopro, como uma mancha, como uma cicatriz. 

É essa estrada desconhecida da vida, é esse veneno que também é o remédio.

É a mesma dor que te desmonta que junta teus cacos.


É a impavidez do amor, que eu e você nascemos para ter.


(Ilustração de Andrelle Bedê)

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