sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tira de mim o fardo

O sentimento que me invade não é límpido, não é certo e o julgo sujo. O turbilhão que me invade, me deixa tonta e atormentada pelos passos incertos que transformaram meus caminhos em um verdadeiro desastre.

Um corpo estranho nadando contra a imensidão do mar da vida. O erro é meu. Os defeitos são meus. Alcanço a redenção se assim admitir sempre? Alcanço o paraíso se me colocar como cristo todos os dias?

O caráter e a personalidade salgada, chegam a ser amargos ao paladar materno. Não tem sido fácil não ser o que o seio de minha mãe planejou e desejou enquanto me amamentava. Sou o conjunto imprevisível de todos os erros que não se desejaria para um filho. O pior é o exagero. O pior é isso, não saber ao certo o que se é.

Se o inferno for real, admito, ele é o meu destino merecido. Não só pelo meu mau humor, mas pela minha alma  amarga que se tornou. Por ir contra a vontade do Cristo, de amar o próximo como a mim mesmo e não dar o outro lado da face ao que me agride.

Não mereço a glória dos que caminharam sobre a terra sem causar nos outros a repugnância.
Sou eu a causa. O erro está em mim e admito. Não mereço o paraíso.

Desculpa mãe por não ser o que gostaria. Perdoe-me pai por ser a ovelha mau criada, que se desvia do pasto em busca de algo que nem sabe.

Por não ter a doçura, por não gostar de natal, por não comemorar aniversários, por não esperar para entregar presentes, por dormir demais, por falar muito alto, por me embriagar, por odiar o mundo em manhãs chuvosas, por deixar o sapato na porta da sala, por espalhar coisas pela casa, pela bagunça no meu quarto, pelas palavras de amor que não digo pessoalmente, eu peço perdão.

Pelo silêncio que afogo no travesseiro.

Em nossas listas de remédios secretos, estão as músicas que tocam a alma e nos fazem refletir o quanto estamos errados.

Temos a vida inteira para encarar os dragões, mas procrastinos como somos, deixamos sempre a obrigação natural de amadurecer para depois.

E o passo curto se converte. E as taças e copos de ilusão nunca secam, nunca enchem por completo.

A sua rebeldia se destaca. O mundo vive mudando e você, bem, você continua o mesmo. Sempre querendo ser o que quer. Sempre tentando fazer os outros crer que a sujeira no seu caminho é natural.

Você está tão acostumado com seus erros, que nem os percebe mais. Os dias porém, sempre reservam lapsos e   visitas inesperadas do bom senso e da razão. Quando esse momento chegar, é hora de pronunciar a palavra mágica que move o céu e joga no esquecimento todo erro do pecador.

Talvez o inferno não seja um destino tão previsível assim.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

É hora de perambular





Durante a correria cotidiana , bebendo goles e goles frenéticos de café para não deixar esfriar, escrevendo com prazos, dividindo com a humanidade além dos problemas coletivos nossos fardos íntimos. Não nos damos conta de muitos detalhes.

Ontem quando o sol se pôs atrás do horizonte, o meu mundo ficou mudo enquanto um raciocínio incomum brotou na minha mente.

Ali, eu sozinha, quando menos esperava, refleti sobre os deuses e o papel que atribuímos a eles. Já parou para pensar em quantas coisas estão ao nosso alcance e simplesmente deixamos a responsabilidade de fazer acontecer a cargo do senhor destino?

Veja bem, não estou falando de fé, nem tampouco de religião. A covardia é característica de ateus e não ateus, porque longe das questões espirituais somos seres humanos caminhando por aqui, sempre renegando o nosso papel real.

É muito cômodo esperar que o destino, o acaso, os deuses e forças do universo ou seja lá no que você acreditar, se encarreguem de trazer aquilo que desejamos e todas as coisas boas das quais precisamos, enquanto lunaticamente mergulhamos em um poço fundo de preguiça. Repetindo o mantra "dias melhores virão". E quem você acha que vai trazê-los?

Lutar pelo que se acredita e deseja é o clichê que atravessa os séculos sem perder sua verdade. Um dia eu disse que o destino é um bom senhor de face desconhecida que nos dá somente aquilo que merecemos da vida. Tudo é uma troca justa.

Vou esperar Deus ser bom e me dar aquilo que desejo? Sentada à beira da estrada eu vou esperar eternamente, por que aquilo que eu não for buscar com minhas pernas não virá pelo esforço de outros, quem dirá do destino que não é palpável.

Quem não semeia não colhe. Está na hora de perambular em busca do que é nosso.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Segundana

O lado patético da vida é sempre aquele que é vivido com maior intensidade. Incrível. A contradição parece ser o meio mais interessante de se dizer algo. O que é piegas e puramente clichê, parece encantar mais do que a originalidade das palavras curtas.

O que parece, é que o mundo inteiro, entenda isso como exagero, perdeu totalmente a capacidade de raciocinar e criar suas próprias pontes. Talvez seja esse o motivo que tem tornado distante os mundos entre sí.

Entenda a vida como uma corda fina e bamba. Você sem suportes e nem asas, prefere ficar onde está do que arriscar atravessar o precipício, sem nenhuma promessa de encontrar o paraíso do outro lado. Isso seria interessante se não comum.

E assim se descreve a vida. Nada de trocas justas. Mas trocas com intenções pré definidas, são negócios mais fáceis de satisfazer a clientela.

Vida incerta. Tão insana quanto as melodias setentistas de Led Zeppelin. Vida desonesta, tão depressiva quantos os poemas de Manuel Bandeira. Um puro desalento. Nada segue uma linha certa, nem um ponto alvo. É tudo ao vento, desatinos, desafios, desamores.

E o sentido? Está perdido, vagando por entre os séculos. Fim.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Bad day for me

Sim, na vida existem os dias bons. Mas também existem aqueles em que as comportas do universo de problemas se abrem. Aqueles em que a Lei de Murphy faz todo sentido e qualquer melodia de Blues em um raio de 3 km pode provocar o maior número de lágrimas possível.

É incrível como todo o controle da vida pode se esvair com um simples amanhecer. Nós, seres humanos, cheios de nós mesmos e confiados em nossa inteligência, ao menor sinal de mudança beiramos o declínio social.

É duro ver nossos planos todos desfeitos. Ficamos bravos quando a rotina não segue a linha que traçamos. E que engraçado, odiamos rotina.

Vivemos nossos dias baseados no que as notas verdes e coloridas podem nos proporcionar. Um mês sem algumas ou muitas à menos, pode ser o estopim do desespero.

A vida podia ser mais simples e se limitar à enfiar todos os seus problemas em um saco de papel, queimável. Mas quem toma conta dela? Eu dela, ou ela de mim?

De quem é esse roteiro piegas? De quem é a ideia dessas peripécias? Qual é a intenção desse teatro? Eu me pergunto como se não fosse normal indagar Deus e as forças do universo que me rodeiam.

Eu procurei a música mais deprimente para ouvir, e hoje, nesse dia, qualquer uma pode ter essa característica.

Não controlamos o rumo de tudo, principalmente o do destino. Se amanhã chove (espero que estejam compreendendo a metáfora), deixe chover, e faça mais, corra para a chuva e chore junto com o céu. Ninguém vai ver, eu garanto.

No final de tanta reclamação, eu não sei mesmo de quem é a culpa. Talvez seja da minha ansiedade. Pode ser talvez da minha personalidade desligada de compromissos. Quem sabe, sejam as palavras durar que proferimos e que como doenças vão nos corroendo dia após dia, fazendo com que nada esteja bem.

Existe um sentimento em nós que se chama remorso, e esse, sem dúvida alguma é o maior causador de morte à longo prazo. Te mata lentamente e com um sabor bem amargo.


Apesar de possuirmos tudo, não temos nada, e nada faz sentido se dentro de nós a paz não reinar.


Bom, esse rodeio todo é simbolo da minha prolixidade. Na verdade é bem simples, o dia não está nada bom, e se lagrimar é chorar, eu já deixei rolar uma enxurrada.

Hoje não há maquiagem, só olho fechado e rosto segurando choro. Amanhã é outro dia.



terça-feira, 11 de outubro de 2011

A gente sempre tem um dia ruim.

Somos como sacos largos cheios de defeitos. Carregamos a nós mesmos por toda a vida e depois pela eternidade. E se houver eternidade, céu e inferno a coisa complica ainda mais.

Vivemos o doce e o amargo que o caminho escolhido pode proporcionar. Buscamos saídas e sentidos próprios. Cobramos promessas, promessas sem garantias, mas cobramos.

E será que não é possível perceber que não existe perfeição? A resposta é imaginável, todos devem pensar assim, no entanto, estamos todos sempre buscando as causas de nada ter dado certo para queima-las em um fogueira. Alguém tem que levar a culpa.

A vida inteira negamos a fogueira. A vida inteira sabemos o que deve ser feito, mas seja lá o que age contra o senso de justiça da nossa consciência, estamos sempre fugindo pela diagonal. Fugindo da verdade. Afogando o senso crítico, desprezando o auto-juízo, negando a falta de vergonha na cara. Dissimulando.

O que mais se pode exigir de seres órfãos, que não sabem nada sobre a sua própria existência a não ser aquilo que está nos livros de ciências que os professores da 5º série insistem em plantar em suas cabeças. Essa rebeldia contra a vida não tem nome. Ser humano não rima com ser perfeito.

Eu não preciso viver um século para saber que estou errada, ou que minhas atitudes infernais tiram a paz de quem não precisa conviver com minhas falhas, e convive, sabe Deus por qual motivo.

Não seria mais fácil banir de nossas vidas o que não é bom, o que não faz bem, o que não acrescenta e não tem essência?

Acho que isso não leva a nada. Desculpa, estou apenas tendo um dia ruim.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Setembro

Faço das palavras de uma amiga virtual, as minhas próprias. Onde você espera que eu seja uma amante submissa, eu sou apenas uma garota qualquer sem coração e respeito.

Não espere que eu seja no geral, o exemplo de benevolência e compreensão. O modo automático está ligado na opção que favorece o instinto. O meu sexto sentido trabalha para mim, e por mim só ele existe.

Diz a lenda, que existem dias em que a lua influi no teu jogo de sobrevivência cotidiana. Dia 18 é lua cheia. Isso explica esse ardor incontrolável de querer beber da vida como se não houvesse nada mais para matar a sede?

O mundo louva a chegada doce de setembro. O início da primavera, o clima bom, o fim do ano. Mas para mim, bem, esse mês não passa de um mensageiro tímido que me diz todos os anos, há mais de duas décadas, que meus dias sobre essa terra estão sob o controle exigente do mestre tempo.

Ele não me coloca medo. Temos um acordo de sobrevivência, eu não corro atrás dele e nem ele me persegue. Tudo em sua hora.

O senhor destino, aquele que desacredito, baterá mais uma vez na minha porta, e eu?

Setembro nada mais é para mim, do que o mês escolhido por Pandora para me tirar da caixa. Somos para nós mesmos os mal mais necessário que pode haver.

Com o que mais se aprende a viver, senão com suas vivências e reflexões. Quem sobrevive de conselhos inúteis? A vida, não segue uma regra, e se não há repetições ou destinos viciados, não há por que impor atitudes. Então deixa a roleta seguir a jogatina. Faça suas apostas, calcule seus ganhos, observe suas perdas e veja o que vela a pena.

Seria fácil, pegar o manual da vida cotidiana e resolver meus problemas, principalmente os sentimentais meus caros. Mas o criador bondoso, deu a todos nós a chance de fazer e refazer nossos caminhos, e nossas próprias escolhas. Conselho ajuda, mas não resolve problemas. Então, se quer um conselho, não me peça nenhum. Pergunte a si mesmo.

Gosto da temperatura do tempo passando e levando com ele mais um pouco de mim. Faço das palavras de outra amiga virtual as minhas próprias. Analisando todas a minhas falhas, fraquezas, defeitos e dificuldades de lidar com o mundo lá fora, acho que posso arriscar um diagnóstico: sofro de juventude, mas isso, ao longo do tempo, setembro vai curar.

Deixa ele vir então. Tenho uma primavera inteira para amadurecer.


Créditos de frases:

"Onde você acha que sou..., eu sou..." - Danielle Viviane
"Sofro de juventude" - Cristiane Leite

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Instável.

Eu consigo me superar eu sei. Provei a mim mesma como é possível fazer o maior número de planos em um mês e abandoná-los na mesma velocidade.

São mais de duas décadas e o mundo inteiro já mudou. Tudo muda, menos eu. Em 20 anos, raciocínios foram modificados, territórios foram demarcados, guerras aconteceram, curas foram encontradas, sacrifícios humanos foram feitos e eu continuo a mesma.

Odiando e amando as mesmas coisas. Refutando e subestimando os mesmos atos corriqueiros da minha feminilidade. Negando os mesmos desejos. Sendo escrava do mesmo instinto.

No princípio eu era um caso sem solução, hoje sou uma garota sem jeito. Não tem jeito. O vento sopra para outra direção.

Continuo aperfeiçoando o meu dom infame de puxar assunto com estranhos. Continuo mantendo a tática deplorável de fingir que não estou vendo. Continuo andando como se estivesse participando da abertura de um seriado americano, com uma música badalada de fundo. Eu não tenho mais 15 anos.

Não me interprete mal, só estou tentando ser clara, mas ser prolixa é um dos defeitos mais persistentes da minha personalidade.

O fato é que meu ambiente psicológico anda aflorado por dardos vindos de uma direção contrária que me atrai facilmente.

De repente tudo o que quero é arrumar as malas, ou nem levar malas, e sumir por um instante do campo de visão familiar que se tornou essa cidade.

Meus defeitos não combinam com esse lugar. Eu quero sair. falar palavrão. Deixar o pecado escorrer pelos cantos da boca.

Não quero tranquilidade. Não quero mãos dadas, não quero companhia, não quero coração, não quero alma. Eu só quero o corpo e o fluxo coerente. Eu quero o que me cabe. Eu quero o que cabe em mim. Mesmo que isso esteja há milhas e milhas de qualquer lugar.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Peripércicamente...

Quando eu falo de inferno pessoal estou me referindo aos demônios que temos presos dentro de nós, eu falo dos espinhos na carne que carregamos, eu falo das nossas falhas, falo das fraquezas, falo das dores, dos amores, das incertezas, falo do caos interior que só eu e você conhecemos bem.

Nunca neguei ser um paradoxo. Nunca neguei viver na contradição. Portanto, nos dias em que meu sorriso estiver mais largo, saiba que esses serão também os dias em que a alma estará mais pequena.

Quantos sorrisos por aí, não escondem a face mais triste. Máscaras otimistas vagam pelo universo. E eu, sempre tão distraída, me torno mais uma.

O rosto que vejo no espelho todas a manhãs me parece familiar. Nas madrugadas pode chegar a ser irreconhecível. Com todos os truques, com todas as jogatinas, com todos os artifícios usados para esconder-se, quem pode duvidar que a face que se vê é na realidade a tela de proteção do rosto inseguro.

Ninguém precisa saber o que se passa aí dentro. O inferno é seu e só você pode confrontar-se a si mesmo, por que se conhece.

Alguns tentam melhorar um dia ruim escrevendo versos em pedaço de jornal velho. Outros escutam a mesma música freneticamente uma dezena de vezes. Outros choram, outros bebem, outros cantam, outros apenas trabalham. Mas eu, bem, eu. Eu espero o sol nascer de novo. Não há dia ruim que uma aurora não cure.

Alguns dias são mais quentes que os outros. dentro ou fora de você.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Troca

Pode parecer piegas, mas fazemos o que temos que fazer, para poder fazer aquilo que queremos fazer. A vida não nos dá nada de graça. Tudo é uma troca justa.

Tudo é uma troca justa. Uma recíproca. O universo é um bom senhor que nos dá apenas aquilo que merecemos. Embora esse senhor tenha um rosto misterioso e desconhecido, sabemos no fundo, que ele é possuidor das pedras que lutamos para ter em nossas coroas.

A grande piada do destino é o livre arbítrio. A grande piada da ilusão é consciência. A grande piada do amor é a rejeição. A grande e maior piada da vida é a morte.

Caminhamos sem parar afirmando nossas forças, nossas ideias. Flutuamos nas entrelinhas do passado tentando fazer do futuro a nossa conquista. Mas o que está em nossas mãos além do leme maior? O que faz da nossa aventura terrena um conjunto perfeito de boas escolhas? O que faz das nossas decisões, a receita perfeita do bolo? O que rege a alma e acalenta o corpo?

Nos enganamos ao pensar que tudo está sob o nosso controle. O mundo, sem mecânica alguma gira sem parar. O sol, sem mecanismos humanos, nasce e se põe todos os dias.

Me pergunto de onde vem então, a significativa arrogância do ser humano de achar que o mundo depende dele, e somente dele para acontecer.

Nem os amores e as coisas não palpáveis dependem de nós... Em nossas mãos estão apenas as ferramentas necessárias para conquistar os frutos que merecemos colher.

Eu quero trocar apenas o que me cabe. Receber da vida o que eu daria a um amigo. O que está bem aqui nas minhas mãos...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Contra dição. Contra dizer.

Eu nunca cultivei a tristeza, mas é impossível ser imune. A vida é uma mistura heterogênea de tristeza e felicidade. Somos as vítimas constantes desse paradoxo. Somo prisioneiros da boa vontade das forças do universo, de conspirarem contra, ou a favor de nós.

Nós, perdidos no centro do mundo tentando nos encontrar. Tentando crer que o destino não existe e o acaso é um plano subliminar. Existem dias ensolarados em que se pensa em chuva. Existem dias chuvosos que reservam um sol milagroso. No fim, nunca estamos satisfeitos.

Tudo gira em torno da ideia de que sozinhos não estamos, mas sim separados e incrivelmente ao mesmo tempo interligados por uma ponte espiritual.

Eu tento não acreditar em destino. Eu tento desprezar os acasos da vida. As vezes tento aceitar as coisas como são. Geralmente eu acabo me convencendo de que o que tem que ser, será. Vício frenético. Alguém me programou com uma dose forte de ceticismo e outra maior ainda de indecisão.

E eu vou levando a vida sempre caindo nas minhas contradições, por que afinal, o que me define é não saber de onde vem o universo.

Diz o autor norueguês que aquele que quer entender o destino tem que sobreviver a ele. Eu pretendo descobrir o que está reservado para os meus dias no calendário divino ou em qualquer outro que seja.

Eu nunca deixei de acreditar. Só me viciei em me enganar um pouco. Só me viciei em fingir que não lembro.

E somos vítimas da mentira que contamos a nós mesmos, e ainda assim, existe uma ponta de bondade destina a nós.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Forever Young

Quando eu penso em estradas sinuosas eu lembro de uma canção que diz: "todas as estradas que conduzem até você eram sinuosas". Ainda estou tentando achar um significado para o "você" na minha analogia. Essa em especial é antiga e provoca flash's de um passado não muito distante da minha vida, tipo, ontem.

Outras músicas me trazem lembranças da infância, que foi sem dúvida, a que toda criança deveria ter. Meu pai tinha um ótimo gosto musical, e eu lembro de mim aos três anos cantando Forever Young do Alphaville, em cima da mesa da cozinha.

Apesar de 20 anos terem se passado, eu ainda me vejo daquele jeito. De certa forma, eu era bem mais interessante quando me importava apenas com o que meus pais achariam da minha apresentação de talento doméstica. Eu sabia que por mais errada que fosse a minha pronúncia da letra, eu seria aplaudida e mimada no final.

O público é outro. O século mudou, e eu me sinto completamente nua no meio de uma multidão anarquista. De repente as minhas ações já não agradam aos grandes mestres, e isso me frustra, principalmente pelo fato de que eu pareço gostar daquilo que me tornei.

A pressão dos kilogramas. Cílios postiços. Cabelos tingidos. Salto alto. Vestido colado. Blush. Batom. Curvex. Perfume francês. Langerrie. Amor. Ódio. Desapego. Frieza. Noites em claro. Whisky. Eu me pergunto onde está a mesa da cozinha de 20 anos atrás. Onde está aquela menina?

Um dia você cresce e vê seu coração batendo forte por meninos. Um dia você acorda e vê seu corpo em erupção. Um dia você dorme uma menina e acorda uma mulher. Um dia você descobre o que é a vaidade e o que poderá ser capaz de fazer para satisfaze-la.

Um dia, você percebe que o olhar carinhoso dos seus pais já não é o bastante. Você quer o olhar do mundo. Então passa a sair pelas madrugadas a procura de alguém que te faça sentir desejada.

E então percebe que todas as estradas do desejo são sinuosas, e que o mundo é viciado em usar, viciado em prazer, viciado em ter por um momento e abandonar por uma eternidade.

Então, quando toca aquela canção, tudo o que você quer é voltar a ser criança só para poder voltar a sentir o aroma do amor sincero. Aquele que é de verdade e eterno.

Quando o último acorde soa, a menina cresceu e se viu novamente acostumada ao desapego. Foi só um flash. A roleta viciada agora gira na jogatina na mesma direção.

E então ela segue para mais uma madrugada em claro. Ela é mulher.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Dona significância...

Tem dias que eu não consigo ouvir bem a voz da minha consciência. Não pelo fato de ela falar baixo demais, pelo contrário, as vezes acho ela firme e imponente, mas não o bastante para me fazer parar pasma para escutá-la.

Eu sinto as vezes que grito sem parar tentando dizer coisas que poucos irão entender. Na maioria das vezes, 9 em cada 10 desistem, logo no início, do meu jogo de xaradas e e frases entrelinhadas.

Eu me dou conta diariamente que o mundo não está pronto para metáforas. O universo parece preferir as coisas escrachadas sem um pingo de romantismo e enfeites. Não que eu não seja fã da simplicidade, longe disso, eu apenas acredito que a realidade monótona vista pelos olhos, pode ser descrita pelos lábios e pelas palavras através de versos. O mundo já é um grande poço de tédio profundo demais para eu querer simplificar ainda mais a minha capacidade de usar as palavras e o seu universo de significados, sinônimos e plurais.

A relatividade nunca me atraiu muito. Sempre preferi o contrário das coisas. Sempre amei o paradoxo. Portanto, se minha alma não grita e eu não escuto bem, não vejo problema algum e permanecer em silêncio. Ela dentro e eu fora.

A ideia central do que se escreve é sempre persuadida por outros sentimentos escondidos na alma. Eu ia falar de tristeza, mas lembrei da grandeza do universo e de todas as coisas que nele habitam.

Eu ia falar de arrependimento. De como é difícil não ter um bom relacionamento com sua consciência, que é na teoria, o seu guia, a "dona significância".

Eu ia falar de erros e de como é complicado assumi-los. Eu ia falar de silêncio, e tentar silenciar. Mas não consigo. Consigo agora?



sexta-feira, 15 de julho de 2011

Meu conselho para você



Sabe aquelas frases feitas, conselhos de avó e filosofias baratas do tipo "se a vida lhe der limões, faça uma limonada"? Pois é, o mundo está cheio delas.

Existem momentos na vida, em que frases otimistas e bem formuladas não são o bastante para tirar alguém de uma dilema. O clichê moderno do "tudo vai dar certo" dito por outras bocas, não faz tanto sentido quando não está saindo da nossa própria.

É preciso ter convicção do que se acredita, do que se diz, do que se pensa sobre a vida. E esse conselho que estou dando, por favor, não entenda como uma regra. Eu não posso ajudar você dizendo que a vida é bela e que tudo vai ficar bem se você fizer o que o ditado manda, mas posso compartilhar meu raciocínio sobre aquilo que sinto e interpreto.

Os outros são universos paralelos ao meu. As vezes a gente encontra pontes para se visitar, nem sempre somos compatíveis, na maioria das vezes somos um paradoxo.

Mas o fato de vivermos no mesmo tempo, época, universo, lugar e sermos vulneráveis aos mesmos males, nos torna tão próximos que poderíamos basicamente criar um manual de sobrevivência social. Isso seria fácil, se não fossemos tão complicados.

Espera, por um segundo esqueci o motivo de eu estar escrevendo sobre isso.

Seguir o próprio conselho e usar a intuição para enfrentar a vida, vale mais do que qualquer outra tática.

Existem tantas teorias formadas, tantas regras impostas sobre tantos assuntos. O amor por exemplo, é o tema que mor das teorias. Homes x mulheres, outro assunto que abastece mesas de bar.

Quem nunca recebeu das amigas o seguinte conselho: "Se ele não te ligar, não ligue pra ele" ou "Se ele gosta de você, vai te ligar".

Vamos esquecer que o mundo é cruel por um segundo, e vamos analisar o fato de que é impossível saber o que se passa na mente do outro.

As pessoas estão sempre dizendo o que você deveria fazer, mas só você pode decidir sobre seus atos. Pagar para ver é uma alternativa corajosa, covardes não consideram essa opção. Então, o que tiver que fazer, faça baseado em seus próprios conselhos.

E se for para se guiar por um ditado, se guie sempre pelo que estiver a favor da sua escolha. Se der errado, bem, a vida e loga para se tentar outra vez.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

In the evening

A tentativa vã de me quebrar o peito em partes, têm atormentado o meu mundo insensível ultimamente. Eu só preciso de um tempo para entender de que maneira não me privar da chance de ser feliz. E a tentativa é falha, mas tentar é um vicio.

A felicidade parece um enorme clichê. Negar creditar nisso caracteriza frieza explicita. Essa é basicamente a maior fraqueza que se pode assumir. Aprendi que aquilo que você mais renega, é no mais profundo âmago do seu ser, aquilo que mais se deseja.

Eu me nego. Eu nego a mim. Eu nego aos outros. Eu nego o que me pedem. Eu nego o que eu quero. Eu paro, eu penso, eu me viro, apago a luz e me arrependo. Corro para você. Você que é passageiro. Você que é o oposto. Você que é céu azul. Você que é vento e poupa e que combina tão bem comigo. Você que se chama destino.

Um dia após o outro revela a minha faceta mais deplorável. Revela o meu paradoxo, revela a minha contradição. Revela o meu “eu” egoísta. O “eu” desacreditado. O “eu” que ama titubear, o “eu” que ama ir, que ama ser.

Eu ouvi "eu te amo" dez vezes outro dia. Eu não acreditei é claro. Por que acreditaria?

Não posso negar que fechei os olhos e imaginei como seria se fosse verdade. E se era mesmo?

Eu procurei a possibilidade de tudo ser um sonho, enquando Led Zeppelin fazia o fundo musical e talvez mais melancolico da minha ternura. Da sua ternura.

Como eu disse, você combina tão bem comigo.

Os ventos dessa vida sopram para todas as direções, te traz vidas, te traz rostos, te entrega amores. Te entrega amores. Te entrega amores no fim do mundo? Te traz amores do fim do mundo?

Isso é uma pergunta lá do fundo da alma. Mesmo.

terça-feira, 14 de junho de 2011

I come back

Devo dizer que muita coisa mudou desde o meu último post. Talvez agora, somente agora, eu compreenda o que realmente significa a família. Talvez eu ainda esteja enganada a respeito do significado da amizade.

Os últimos meses eu tenho batizado de “tempo de escolhas”. Algumas eu sei, não fazem tanto sentido assim. Mas são as minhas escolhas que me farão chegar ao ponto certo do amadurecimento.

Entre ficar presa a pensamentos ligados a religião e a minha própria racionalidade, eu decidi ser movida a sentimento.

Eu queria poder falar sem meias palavras, mas esse não é o objetivo do blog. O que reina aqui é a metáfora. A linguagem da alma sempre é mais complicada de entender, mas usar os mesmos conjuntos de frases com que dizemos o que sentimos na alma, para perguntar quanto custa 1 kg de carne ao açougueiro é um desperdício, e é maçante. Vão te achar chato. É por esse motivo que aqui, eu relato a minha realidade com outras palavras. Eu posso ser prolixa, inculta e totalmente metafórica.

Senti falta desse lugar. Diz a poesia, que falar alivia males. Eu penso que escrever alivia almas. Alivia a minha. Desengasga, subscreve, fortalece, enxuga, ilumina, modifica, simplifica. Eu nunca fui tão boa com palavras ditas.

Nunca pensei bem na questão.