segunda-feira, 5 de maio de 2014

Assombração

Cheguei às 4h, com litros de álcool na alma.
Deixei no sofá da casa de meus pais, meus anéis, pulseiras, brincos e um cordão de ouro.
No coração continuou a ecoar teu nome.
Lavei o rosto, me olhei no espelho.
Vi que tua lembrança me assombra mais que a certeza de estar viva.
Lembrei do teu desdém. Tarde demais, já disse que te amo.
E te amo, tanto que nem porres, nem outros encantos, nem outros homens (já tentei), nem outras expectativas podem apagar o que por ti eu dediquei.
Não haverá retorno, eu sei, mas fica aqui o que me assombra: tu.

Quem acredita em assombração?

sexta-feira, 28 de março de 2014

Mãos dadas

Me pediram para falar sobre você. Eu falei.
A primeira coisa que se iluminou em minha mente foi a lembrança de você abrindo caminho em meio a multidão de uma cidade movimentada, segurando minha mão, me guiando por ruas pelas quais nunca havia caminhado. Era domingo, o sol estava lindo, talvez meus olhos estivessem mudados. 

Era fevereiro. Eu soube, seria o melhor.

Segurando minha mão, assim daquele jeito, como quem guia alguém a quem quer bem. Daquele jeito eu não tive dúvidas, e nem as tenho agora. Desse jeito apertado como a tua mão na minha, eu não posso negar contar para quem perguntar e para os demais, que tu é o meu par, a minha versão. 

Sobre você eu falei de amor. Eu falei de ti para mim, eu disse é assim, é esse. É com ele que eu quero andar de mãos dadas. Seja para onde for. Seja o que for, para onde for, e se for. Eu sei que é. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Deixa ser


Hoje, para ser diferente, acordei com vontade de caminhar para qualquer lado, qualquer canto.
São os sinais que a vida dá. São as pequenas revoluções em nossa maneira de pensar. Olhos abertos, olhos fechados. Olhos dispostos a ver, olhar através da penumbra das opiniões amargas sobre o destino, sobre o que o amanhã reserva.

Um dia, desses que nunca se espera, vai amanhecer sem aviso. Em um tempo de águas paradas há sempre uma visita inesperada. São os pequenos casos impensáveis da vida subestimada. São as pequenas felicidades de ver em acontecimentos aleatórios, pontos costurados entre si que constroem a sensação mais perfeita do "isso era para ser". E será, o que tiver de ser. Será o que escolher ser.

Haverá manhãs reveladoras em um dia qualquer.

Eu vi que algo só acontece quando a tentativa de forçar os fatos cessa. Quando a felicidade não é apenas um apelo para viver a vida.

E quando acontecer, deixa ser. Deixa as águas seguirem o percurso, deixa você suas ideias antiquadas de como tudo tem que ser. Esquece o medo de desatinar.

Algumas coisas só acontecem uma vez. E no ensaio da vida o bonde não tem sino. Abre os olhos, abre os braços. Uma hora vem.