terça-feira, 13 de novembro de 2012

Fuga

Não, não me diga nada agora. Faço esse pedido. Quero ouvir o silêncio na companhia de uma xícara quente de café. Quero reorganizar o caos. As vezes sobram os cacos e as descobertas. É complicado digerir tudo de uma só vez. 

Cansei. Eu só quero um café. Quente, forte e cheio de alívio. E hoje nem é lua cheia.

Fico pensando no que cada um faz para se livrar de seus demônios.

Quem canta sobre a dor do amor. Quem escreve sobre o sofrimento de nunca tê-lo sentido.

Quem bebe por não entender ao certo a diferença entre a sobriedade e a embriaguez, quem se esconde por medo de encarar a vida, quem prefere ficar no escuro, quem prefere um cigarro, quem prefere um livro, quem prefere qualquer outra forma de artificio para não ter que lidar consigo mesmo.

Onde você busca companhia para se livrar de si mesmo, e da sua razão que está sempre pronta para te acusar?

Quem compôs a dor do amor e transformou aquele sentimento que retorce o peito e te deixa sem ar em uma melodia? Quero agradecer cheia de lágrimas nos olhos.

Quem cantava a dor do amor e não canta mais. Quem sabe dos seus problemas melhor que você mesmo? Ninguém busca as alternativas erradas enganado.

 Eu prefiro escrever. É uma forma de não deixar os sentimentos da vida me corroerem por dentro.

Cada um traça sua rota de fuga.

Eu já cheguei a escutar a mesma música mil vezes. Alguns decidiram morrer.

A prateleiras estão cheias de poetas mortos.

Os bares cheios de poetas vivos e mortos.

Não importa se a fuga é momentânea. Você só quer calar a reflexão, deixar de pensar no que traz peso para a alma.

É um ciclo vicioso. É a vida aqui.

Tudo passa mesmo. O efeito da fuga e a dor também. Seja ela qual for.

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