domingo, 18 de abril de 2010

Corpo quente

Uma noite poderia ser selvagem, se não fosse a inocência de uma dama incomum.
Todo o crédito do jogo se projeta sobre uma unica carta, uma carta neutra, sem sentimentos, sem ilusões, sem pretensões.
Seria agradável, que o corpo não estivesse tão ligado aos sentimentos, e que tudo funcionasse separadamente em um mesmo universo. Corpo e desejo de um lado, coração e sentimento do outro.
A euforia constante do corpo trai os sentidos da alma. O corpo quer ser tocado, mas o coração deve se manter inatingível, batendo sempre no mesmo compasso.
Mesmo que nas entranhas subsista o desejo incontrolável de unir os passos em falso do corpo à ternura do coração, não existe e nunca haverá uma relação harmoniosa entre os dois.
O corpo se deleita, e a noite que poderia ser selvagem é dominada pelo coração que se não se entrega ao raciocínio frio da alma física.
A inocente dama incomum, prova o gosto incerto da inexperiência.
As noites podiam ser diferentes, menos corpóreas, menos físicas... mas isso é só enquanto restar a inocência.
Enquanto todo o jogo corre sobre a mesa do desejo, o corpo permanece quente, esperando o coração esfriar.

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